Mãe de estudante com deficiência cria roupa que auxilia na inclusão esportiva

O jovem de 13 anos participou do torneio da escola e fez três gols para a alegria da turma.

A Escola Municipal Heitor Villa-Lobos, na Regional Industrial, tem promovido desde o último final de semana um torneio esportivo dentro de suas dependências. Por ser uma escola que também agrega estudantes com deficiência, a direção trabalhou para que todos pudessem participar de maneira inclusiva das atividades que tomaram as três quadras da escola.

Mas o que mais chamou a atenção dos presentes, foi a determinação de um jovem do 7ºano, que fora abraçado por seus colegas de classe e também por seu professor de Educação Física. O garoto, João Bernardo Avelar Santos é cadeirante e nasceu com tetraplegia ou quadriplegia (que é quando uma paralisia afeta todas as quatro extremidades), estava tendo problemas de desnutrição grave e com isso começou a surgir sintomas de depressão.

A sua mãe, que é costureira, Maria Lucia Baeta, preocupada com o bem-estar e a saúde do filho, criou uma roupa similar à de outro pai que também tinha o sonho de ver o filho praticando atividades esportivas. Ela fez uma espécie de adequação em que um adulto a veste, e com isso o seu filho consegue também se fixar por dentro dela. Pela situação do João Bernardo, ele precisava de uma roupa que o pudesse mantê-lo ereto para que assim o peso fosse suportado por quem o levasse para dentro dos ambientes em que ambos estivessem.

Na opinião do professor de Educação Física, Luiz Gustavo Martins de Abreu, a roupa proporcionou mais interação do estudante com os seus colegas de classe e também o deixou mais próximo das atividades esportivas. Prova disso, que durante o campeonato na escola, Luiz Gustavo, foi a pessoa que o direcionou dentro de quadra no duelo de futsal entre duas turmas. João Bernardo foi o autor dos três gols que levaram a sua turma para a próxima fase do torneio. “Eu sempre quis trabalhar inclusão quando cheguei na escola. Minha vontade sempre foi de motivá-lo e durante esses dias de torneio na escola, foi o ápice da emoção ao vê-lo feliz e realizado com a sua participação em quadra”, destaca Luiz Gustavo.

A mãe, Maria Lúcia, ficou feliz em ter projetado a roupa e na avaliação dela o filho voltou a ser uma criança mais feliz. “Eu falei com ele que ia tentar fazer uma roupa que o pudesse dar a chance dele jogar futsal e consegui. Foi tudo tão rápido, acredito que achamos uma brecha que faça com que ele melhore da depressão e o faça voltar a sorrir novamente, vamos acompanhar mais de perto nas aulas de Educação Física”, finalizou.

O estudante João Bernardo também possui uma irmã gêmea, Maria Beatriz, também do 7º ano na mesma escola. Ela nasceu com diplégia espástica (paralisia que pode ser mais ou menos grave dos membros inferiores), e faz o uso de andador. Ela também participou do torneio, dessa vez na modalidade queimada. Desde os quatro anos de idade vão juntos na escola e são sinônimos de força e determinação por seus colegas.

Reportagem: Leonardo Melo
Fotos: Geraldo Tadeu
Publicação: 31/10/2018