Professores e professoras se reinventaram na pandemia e aplicam novos conhecimentos no retorno presencial

Em março de 2020 as atividades presenciais nas escolas de Contagem foram interrompidas em decorrência da pandemia da Covid19. A partir de então, toda a rotina e dinâmica escolar foi alterada, trazendo novos desafios para estudantes e professores (as). Àqueles que tinham a responsabilidade de orientar e auxiliar na busca pelo conhecimento tiveram de se reinventar, aprender, estudar e se entregar à nova dinâmica do ofício docente.

“Foi enlouquecedor no início da pandemia. Precisamos nos reinventar a cada dia e descobrimos que éramos analfabetos em TI”, afirmou Edilma Gomes, que é “acima de tudo uma alfabetizadora” e professora na Escola Municipal Joaquim Teixeira Camargo. Ela afirmou que o apoio dos colegas, da direção da escola e dos cursos formativos ofertados pela Secretaria de Educação de Contagem foram fundamentais para a prática docente.

A experiência da professora Edilma é a realidade enfrentada por todos os educadores durante a pandemia. Um mundo que virou do avesso com a necessidade imediata de adaptação.

Assim foi, também, com a professora Kelly dos Santos Kerche, regente nas turmas de alfabetização da Educação de Jovens e Adultos – EJA, da Escola Municipal Senador José de Alencar, que apesar das dificuldades, precisou superar as barreiras da tecnologia para manter o contato com os estudantes.

“Atendo meus estudantes via grupo de WhatsApp. Os que não têm acesso à ferramenta, mantenho contato por telefone residencial, ou celular. Também faço vídeos no YouTube para que eles possam ter acesso às atividades. Durante todo esse período, ouvia seus relatos, medos e angústias. Recebi carinhosamente muitas demonstrações de afeto”, relatou Kelly.

A professora da EJA afirmou que o momento foi um “desafio histórico” que será sempre lembrado. Disse, ainda, que o ensino remoto é um “desafio para aprendizagem”. Para Kelly um fator importante para o desenvolvimento do trabalho docente foi o apoio aos trabalhadores.

“As formações constantes e o diálogo têm sido de grande valia neste momento. O processo constante de avaliação das ações e as orientações do ´Trilha do Saber´, que trouxe um eixo norteador do trabalho na realização de uma proposta pedagógica contextualizada, foram muito importantes”, destacou a professora Kelly Kerche.

Ensino híbrido

Com o retorno presencial dos estudantes às atividades escolares, iniciados em Contagem no mês de agosto, de forma gradual e facultativo às famílias, um novo modelo de ensino foi colocado à comunidade escolar, o ensino híbrido, com alternância de atividades presenciais e remotas.

A volta do contato com colegas de trabalho e com os estudantes gerou grandes expectativas para os professores (as), após quase um ano e meio apenas com contatos virtuais.

“A princípio estava receosa em voltar, pois minhas turmas são do grupo de risco e eu não tinha noção de como seria esse reencontro. Mas o retorno foi tão tranquilo e afetuoso, não poderia ter sido melhor”, comemora Kelly.

Para a professora da Educação Infantil, Aline Quadros, do Centro Municipal de Educação Infantil – Cemei Icaivera, o retorno presencial está “muito organizado”. “As famílias estão contribuindo, as próprias crianças estão muito conscientes, lavando as mãozinhas, passando álcool em gel, respeitando o distanciamento. Espero que continue assim, para que não perca essa segurança”, disse.

Outro desafio apresentado à comunidade docente é a aplicação de todo o conhecimento e prática adquiridos, durante o ensino remoto, neste retorno às atividades presenciais. Conforme destaca a professora Aline, é preciso considerar que a prática em sala de aula “não será a mesma”.

“Muitas vezes a gente não se atentava o quanto eles (estudantes), são ligados à imagem, aos vídeos, à tecnologia e animações. Esse conhecimento veio para agregar muito. Na educação infantil temos o hábito de contação de história e a contação virtual é mágica. Agora no ensino híbrido, por exemplo, eu tenho levado meu notebook para a sala de aula e mostro contação de histórias, até que eu mesmo gravei, porque eles acham muito mais legal”, destacou Aline Quadros.

Apoio

Assim como a comunidade escolar precisou se adaptar à nova realidade do ensino remoto e, mais recente, ao ensino híbrido, as direções escolares e o poder público, por meio da Secretaria de Educação – Seduc, precisaram apoiar os profissionais da educação no período. Desde o Processo de Seleção Simplificado PSS, que ocorreu de forma totalmente remota, até a oferta de notebooks para auxiliar professores (as) foram ações que beneficiaram professores e professoras, segundo Aline Quadros.

“Vi outras redes de ensino fazendo reuniões presenciais e expondo os trabalhadores sem necessidade, em Contagem não houve isso. Inclusive a convocação do PSS que foi virtual, foi muito organizada, um grande avanço. Muito legal também a oferta de notebooks para professoras que não tinham”, apontou a professora Aline.

Foram muitos os desafios enfrentados por professores e professoras durante a pandemia, desde o uso de tecnologias até a interação com os estudantes. Novos desafios serão postos aos educadores e educadoras, que estão sempre em atualização de suas práticas.

Como dizia o educador e patrono da Educação no Brasil, professor Paulo Freire: “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”.

Repórter Fernando Dutra

Foto Luci Sallum/PMC