O professor aprendiz

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Paulo Freire)

Criar formas de manter o processo de ensino aprendizagem, mesmo a distância, resultou em novos saberes. E isso demonstra que as coisas não serão mais como antes da pandemia. CLIQUE AQUI.

É quase unanimidade que, na Educação de Jovens e Adultos, no momento de transição entre o fechamento das escolas e o início da educação remota, um dos maiores desafios foi estabelecer uma comunicação mediada pela tecnologia. Além disso, ninguém estava preparado para esse cenário, muitos professores não tinham nenhuma familiaridade com a tecnologia. Não podemos esquecer que, para muitos, essa ainda é uma nova linguagem, um novo formato. Entender o letramento digital básico, além de praticar, conhecer e testar novas ferramentas foi muito necessário e se faz presente até os dias de hoje para os professores. Para lidar com a tecnologia, não bastou, por exemplo, entregar um tutorial, mas possibilitar momentos de reflexão, entendimento, aplicação e necessidade para compreender os processos tecnológicos neste momento atípico.

Saber utilizar as mídias e redes sociais como o WhatsApp, o YouTube, o Instagram, o Telegram, softwares para gravarem aula, Apps para acessos on-line e outros são de extrema importância na comunicação entre o professor e os educandos. Outros recursos educacionais digitais, como Google Meet e Classroom, fizeram-se novidade, mesmo já sendo ofertados antes, pois sua aplicação com claro propósito pedagógico é algo que veio após o início das aulas remotas.

Muitos educadores não sabiam fazer uma simples planilha no Excel, por exemplo, mas, no seu devido tempo, teve que se organizar, abrir possibilidades para uma nova realidade, com novos conceitos e novos saberes. Este aprendizado para o novo momento se deu com a mudança de mentalidade por parte dos próprios professores, que precisaram assumir uma posição de aprendiz, ao buscar informações sobre tecnologia e dedicar um tempo para aperfeiçoar a parte técnica.

E como aprendiz, os professores não têm todas as respostas, além de vivenciarem um novo momento que se diferencia muito da forma que foram ensinados a exercer sua profissão, quando ainda eram estudantes, em que, supostamente, deveriam deter todo o conhecimento. Assim, a necessidade de conhecimento e de utilização da tecnologia e dos seus meios de acesso apontam para novas perspectivas de aprendizagem.

É importante que os educadores tenham um olhar carinhoso para consigo mesmos e entendam que a versão do que é correto a ser feito é parte de uma construção contínua em meio à experiência de aulas remotas.

As dificuldades encontradas pelos profissionais da educação e o seu processo de aprendizagem dessa maneira tratam-se de algo novo, porém um exercício constante. Logo, são necessários espaços e movimentos de acolhimento por parte dos órgãos gestores escolares, que devem não só compreender o professor, mas também incentivá-lo em suas tentativas e em sua busca por outras soluções.
Ainda nesse contexto, é importante destacar que a pandemia trouxe novos desafios para os professores como novos fluxos de aula, otimização do acompanhamento pedagógico, reorganização do tempo, novas rotinas e divisão de tarefas.

A gestão do tempo, os saberes, o conhecimento e os vários encaminhamentos que os professores praticaram durante esse momento ressignificam o papel e a valorização destes profissionais em toda a sociedade, evidenciando, assim, o devido valor destes verdadeiros mestres.