Doses de Conhecimento: Dia das Letras

DIA DAS LETRAS – “Ler é um prazer genuíno”!

Por Rosania Maria de Souza
Coordenação e supervisão das bibliotecas escolares da Funec

O momento em que vivemos não está nada fácil, a pandemia de Covid-19, que assola o país e o mundo, desde 2020, insiste em nos manter recolhidos em nossos lares, oportunizando-nos instantes de muita angústia, ansiedade e tensão. Mas, em contrapartida, experimentamos também momentos de muita reflexão, de busca da paz interior, e, principalmente, de olhar e perceber o outro, de praticar ações de solidariedade e de amor ao próximo. Estamos continuamente sendo chamados a sermos pessoas melhores, mais “humanas”!

Essa busca constante em prol de um bem coletivo nos fortalece e nos impulsiona a pensar, a descobrir novas habilidades, buscar formas variadas de aproveitar melhor o tempo, e viver com mais intensidade, sempre nos lembrando de que somos mortais e, sendo assim, cada segundo de vida importa, e pode ser e fazer toda diferença.

No mês de maio, em especial, no dia 21 de maio, comemoramos o “Dia do Profissional de Letras”, que é também o dia da Língua Nacional, ou seja, a língua falada pelo povo de uma nação1. E, para celebrar essa data com louvor, nada melhor que aproveitar um desses momentos de reflexão, para ler e apreciar uma boa poesia, inspiradora, que nos faz esquecer as mazelas dos momentos difíceis, e nos permite sonhar com horizontes mais belos e mais felizes. Olavo Bilac2, poeta brasileiro, representa com maestria essa habilidade de conjugar o verbo poetizar, sendo o seu poema “O Credo” escolhido para ilustrar esse dia:

(ANTOLOGIA DE LITERATURA INFANTIL. Poesias Selecionadas. Seleção da Professora Ilka Brunilde Laurito. Ilustrações de J. Lanzellotti. São Paulo: Edigraf, S/D.)

Entendo a poesia como um conjunto harmonioso de letras e sílabas, que faz soar o sino do coração, um alimento saudável, rico em nutrientes para a alma, capaz de despertar a resiliência e de revigorar pensamentos e sentimentos que se encontram em profunda inquietação.

Evidencio nestas páginas, o aliviar dessa inquietação, o despertar criativo e contagiante de um jovem leitor, o qual presa pelo seu pretenso anonimato, e que encontrou nos livros e na música um jeito apaixonado de driblar os pensamentos ruins, e de buscar o conhecimento, tornando-se um leitor fiel, disciplinado e, sobretudo, um amante fascinado pelos viés da Filosofia.

Sua busca incessante de respostas para as inúmeras perguntas que a vida o faz, proporciona-o enveredar pelo caminho da leitura, com criticidade, reflexão e comprometimento em busca do entendimento das ideias, dando espaço para o estudo de pontos de vistas diferenciados, e reverenciando os “deuses” dessas áreas, como assim ele os denomina.

Ao presenciar uma de suas viagens literárias, bem como um momento significativo do seu processo construtivo, quis compartilhar com você, leitor, uma de suas criações, como forma de te incentivar a ler e a descobrir o prazer da leitura.

LER É UM PRAZER GENUÍNO!

                                                                                                       Jovem Leitor

Quando leio esses poemas, é como ouvir uma música em tom maior.
A alegria que transpassa, faz de mim um homem melhor!

Cassiano Ricardo, Olavo Bilac, Henriqueta Lisboa…
“Poetas benditos”, símbolos de genialidade e sabedoria.
A língua vira um instrumento em suas mãos, e nos encantam,
em versos e poesia!

Sinto-me maravilhado, de nos livros poder viajar.
São tantas poesias e histórias fascinantes,
Às vezes, de tanto êxtase, tenho vontade de chorar!

Este Jovem Leitor, após observar o processo de descarte em um espaço de leitura, procedimento comum e inerente à toda biblioteca, o qual consiste no desfazimento de um item inservível, irrecuperável e/ou obsoleto da coleção, com o intuito de otimizar o espaço e possibilitar a ampliação e o enriquecimento do acervo, revelou-me, por meio do depoimento a seguir, o que sentiu naquele momento: __ “Entendo que as bibliotecas precisam abrir espaço para os livros novos entrarem, mas, para mim, descartar um livro de poesia, somente pela idade e aparência, é um “crime” inafiançável”. Isso, na minha opinião, demonstra sua profunda afinidade com a escrita, seu verdadeiro amor e veneração pelos livros.

Neste instante, aproveitando essa oportunidade, gostaria de convidar a você, caro leitor, para compartilhar conosco momentos de prazer e entretenimento. Para tanto, recomendo-lhe a leitura do livro “O Quinze”, da escritora Rachel de Queiroz, publicado em 1930, considerado pela crítica literária o primeiro e mais popular romance da autora. O título se refere à grande seca de 1915, vivida por Rachel em sua infância.

Trata-se de um romance nordestino, que aborda o período de seca cruel que assolou o Ceará, e mudou a vida de muitos cearenses que, para fugirem da fome e da miséria, migraram em massa para outras regiões do país.

Infelizmente, em decorrência de fatores diversos, em especial, da má administração do meio ambiente pelo homem, a seca continua assombrando o sertão até os dias atuais, o que faz do “Quinze” uma história sempre viva.

Para conhecer essa história fascinante, você poderá, também, assistir ao filme “O Quinze (2004) *Completo”, publicado por Thiago de Alencar, no seu canal Youtube, clicando no link:

¹ (Disponível em: < http://www.uece.br/>. Acesso em 21 mai. 2021).

² Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias. (Disponível em: <https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia>. Acesso em: 28 mai. 2021).