Bibliotecas de escolas de Contagem viram espaços de debates sobre o negro na literatura

Ações fazem parte do mês da Consciência Negra

Até o dia 30 de novembro, as bibliotecas das escolas da Rede Municipal de Ensino de Contagem da Fundação de Ensino de Contagem serão palco de debates e reflexões sobre a retratação do negro na literatura. O objetivo é avaliar de qual forma os livros expõem os personagens. “Precisamos incentivar o protagonismo dessas crianças trazendo personagens como reis e rainhas e revendo gora o que foi trazido até agora dentro da literatura, que foi a visão do negro escravizado. O que precisamos pautar são atores capazes de agir e intervir onde quiserem. Eles podem ser médicos, doutores, cientistas… E isso passa pela escola, que é capaz de revisar o material didático”, explicou a diretora de Relações Étnico Raciais e Gênero da Secretaria Municipal de Educação, Rosângela da Silva.

As atividades são organizadas pelo Programa de Leitura em parceria com a Diretoria de Relações Étnico Raciais e Gênero da Seduc. Na Escola Municipal Professora Lígia Magalhães, no bairro Cidade Industrial, o dia foi de análises sobre a mulher negra na sociedade. A coordenadora do Programa Novo Mais Educação, Adriana dos Santos, apresentou estudos nada animadores. “Atualmente a maioria das mulheres negras ocupa cargos de subordinação. Na saúde nós também somos menos cuidadas. Por meio do conceito de que a mulher negra é mais forte, muitos médicos ignoram os sintomas apresentados pela paciente”, afirmou Adriana.

Os alunos utilizaram o espaço da biblioteca para mostrarem um pouco de dança afro. Com tambores e percussão apresentaram o ritmo criado por nossas antigas gerações. “Na escola é que tudo começa. Ensinar crianças desde pequena a criança a valorizar cultura afro muito importante. É uma forma de valorizarem a própria identidade, a serem solidários e a não terem preconceitos”, destacou a professora de dança afro, Ingrid Ferreira.

Os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda participaram de contações de histórias e leram livros sobre o tema. A obra de Machado de Assis, “Pai Contra Mãe”, que conta o sofrimento de personagens durante a escravidão, foi objeto de estudo e debate sobre as ações sofridas pelos negros no século XIX e nos dias atuais. Os alunos utilizaram o momento de reflexão para produzir textos que foram expostos em um varal. “É importante ter esse debate na escola porque a gente sofre muito preconceito e o tema presente na escola faz com que as pessoas enxerguem de forma igualitária”, comemorou a estudante da EJA e auxiliar de serviços gerais, Maria Sueli Ferreira.

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Reportagem: Júlio César Santos
Fotos: Geraldo Tadeu
Publicação: 26/11/2018