A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS E SEUS REFLEXOS EM NOSSA VIDA

Por: Professora Luzia Lima

E.M. Professora Maria Olintha / Funec Cruzeiro do Sul

 

Iniciamos o ano letivo de 2020 bastante empolgados, no dia 6 de fevereiro. Assim, quando o carnaval chegasse, já estaríamos bem organizados, professores e estudantes já entrosados, aquela interação legal com as pedagogas, a assistente escolar, direção e demais funcionários.  Passado o carnaval, todos de volta, já bastante integrados em sala, tendo com quem trabalhar em grupo ou conversar no recreio, professores já passando trabalhos para apresentar em março e início de abril.

Eis que, de repente, surge uma doença nova, causada por um tal de novo coronavírus. E os olhos do mundo se voltam para uma cidade chamada Wuhan. Torcemos muito para que aquele ser indesejável fosse contido ali mesmo, num pedacinho do mundo, lá na China, bem longe da gente. Só que não. Com tanta gente viajando a turismo e a negócios, desembarcando livremente em nossos aeroportos, seria só uma questão de tempo para que o vírus aqui chegasse.

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde – OMS já declarava pandemia pelo novo coronavírus. E o que se viu, em seguida, foi a decretação de quarentena por governos de muitos países. Doença grave para a qual não há remédio, nem vacina, a única solução é evitar o contágio.  No nosso município, o isolamento social teve início em 18 de março. Naquela semana, o perigo já rondava a nossa cidade, o nosso bairro, a nossa escola…

E agora, para tudo? Tudo não. Estabelecimentos considerados essenciais para a população, como hospitais, farmácias e supermercados poderiam continuar funcionando. Mas, e a escola, ela não é importante? Sim, a escola é essencial em qualquer sociedade, mas, ao mesmo tempo, é local de aglomeração de pessoas, e isso só favorece a transmissão do vírus. Além do mais, a escola tem calendário próprio. Desse modo, a aula que não foi ministrada num dia, poderá ser dada em outro mais adiante. O mais importante é preservar a vida. Calendário escolar pode ser refeito, visando à reposição das aulas.

E assim, a nossa cidade entrou em quarentena. Experimentamos uma situação totalmente nova, diferente de tudo o que já presenciamos: escolas fechadas, vans paradas, pouquíssimos ônibus circulando, netos impedidos de ver os avós (a fim de proteger os mais velhos), álcool em gel e máscaras desaparecendo das prateleiras de supermercados e farmácias, consultas médicas sendo desmarcados, casamentos e formaturas adiados, donos de casa estocando alimentos para dois ou três meses.

Era uma guerra? Sim, era uma guerra contra um ser invisível, que ao entrar no corpo humano, poderia se instalar na garganta, pra depois chegar aos pulmões e fazer um estrago, transformando as células pulmonares em material para sua reprodução. Desse processo, vinha a febre, a tosse seca e, infelizmente a falta de ar, que levou muita gente à morte.

Mas, nós precisávamos sair vivos dessa batalha e só havia um jeito para isso: ficar em casa e evitar contato com as coisas que vinham lá de fora. Por isso, o álcool era tão importante. Com ele, higienizamos sacolas e produtos que chegam à nossa casa. E com água e sabão podemos fazer a higienização das mãos e de alguns alimentos, como as frutas.  Aprendemos a separar um calçado só para ir à rua, em casos de extrema necessidade e, na volta, deixá-lo do lado de fora da casa.

Depois de um tempo, veio um movimento pelo uso das máscaras caseiras. Aí, descobrimos várias pessoas com habilidade para costura, e algumas delas postavam vídeos ensinando a fazer máscaras para adultos e crianças, utilizando para isso alguma peça de roupa.  Vimos também tantos exemplos de bondade que jamais iremos esquecer, como aquelas pessoas que se mobilizavam pela internet para arrecadar alimentos e doá-los a quem deles necessitavam. Vimos pessoas jovens se oferecendo para fazer compras para pessoas idosas e tantos gestos de carinho e de solidariedade, dirigidos aos profissionais de saúde, que se desdobravam dia e noite nos hospitais para salvar vidas.

Há relatos de que, em muitas famílias, a convivência entre pais e filhos melhorou. Passaram a conversar por mais tempo, davam mais risadas juntos, brincavam com aqueles jogos de mesa, entravam em acordo sobre qual filme iriam assistir juntinhos na sala ou no quarto.  E, na hora das tarefas, aprenderam que havia as individuais e as coletivas. O preparo do almoço, por exemplo, era coletivo e a comida era muito mais gostosa e variada. Não havia mais aquele hábito de ficar isolado, cada um num canto ou trancado no quarto com seu smartphone. Vejam que interessante! O isolamento social decretado pelo prefeito fez diminuir ou acabar com o isolamento voluntário que acontecia dentro dos lares!

Alguns afirmam que no momento em que pais e filhos entraram de quarentena, a vida ficou mais leve. Uns passaram a ter tempo de sobra para fazer reparos na casa, preparar aquelas comidas tradicionais que agradava a toda a família, telefonar com calma para os parentes de outras cidades, olhar as fotos juntos e reviver emoções, pesquisar nos sites o preço do próximo eletrodoméstico que desejavam adquirir. Tocar violão, fazer cantorias, gravar vídeos para postar aos amigos e parentes viraram atividades prediletas de famílias que, antes, alegavam falta de tempo para todas essas atividades divertidas.

Hoje, de volta à escola, em formato virtual (uma das imposições desses novos tempos), façamos nosso principal dever de casa: sobreviver a essa pandemia, cuidando de nós mesmos e daqueles que amamos. Assim, venceremos a batalha contra o vírus causador da doença covid-19, sem nos descuidarmos do combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, doença da qual muitos de nós já fomos vítimas.

Ao longo desses últimos três meses, todos nós experimentamos uma vida diferente daquela à qual estávamos acostumados e certamente vamos nos lembrar desses fatos por toda a nossa existência.

E você? O que tem para contar sobre esse período? Foi difícil até aqui, angustiante, ficou entediado? Ou foi tranquilo, procurando se divertir com as postagens mais criativas da internet, assistindo a bons filmes ou fazendo vídeos com seus familiares? Como tem sido sua quarentena? Conta pra gente!