A importância da representatividade negra na literatura

No período em que se comemora o Dia da Consciência Negra, mais do que nunca, somos levados a refletir sobre a falta de representatividade de escritores negros, não só nas bibliotecas escolares, como no circuito literário de maneira geral e, sobre a necessidade de conhecermos e divulgarmos cada vez mais tudo que pudermos sobre o tema.

A Lei 10.639/03, sancionada em 2003, alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-brasileira e Africana”. Tal mudança é uma conquista que ocorreu principalmente devido às lutas de movimentos sociais. Essa lei determina que o conteúdo programático deverá incluir a luta dos negros no Brasil, a cultura negra e a formação da sociedade nacional “resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política, pertinente à História do Brasil”.

Pode-se perceber a falta de representatividade da literatura negra no mercado, quando observados os livros que lemos e os que, geralmente, são oferecidos para compras. A grande maioria dos autores, tanto nas bibliotecas, quanto ofertados em livrarias, são brancos. Observando essa triste realidade, sugiro hoje um passeio por uma livraria de Belo Horizonte que trabalha apenas com autores negros. Trata-se da livraria Bantu, idealizada e criada por Etiene Martins, na perspectiva de divulgar e vender a cultura negra.

Com uma média de 500 títulos, a Livraria Bantu é um empreendimento todo voltado para a valorização da cultura negra. Segundo a fundadora, a ideia surgiu em 2013, a partir de uma lacuna no mercado tradicional:

A maioria das livrarias que a gente conhece não são intituladas ‘raciais’, mas a maior parte das obras que a gente encontra são de escritores brancos falando de coisas que não contemplam a população negra. (MARTINS, E., 2013).

A Livraria Bantu foi fundada exatamente para suprir esta falta de representatividade do negro no mercado literário. É um espaço aconchegante e acolhedor, localizado na Avenida dos Andradas, no centro de BH o qual vale a pena conhecer e visitar, quando possível. Há uma diversidade de autores que devem ser descobertos, lidos e divulgados, não só na literatura negra, como também na literatura brasileira. A literatura não só pode como deve ser um meio de valorização e divulgação da cultura negra. Através de livros, filmes e documentários, temos oportunidades incríveis de conhecer a História do Brasil e de nossos ancestrais.

A literatura não dá conta de acabar com o racismo, mas ela pode fazer com que os leitores negros se empoderem e os leitores brancos conheçam mais a nossa história. (Etiene Martins).

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